E ao abrir os olhos depois de um repentino piscar viu à sua frente as mesmas cores com outras tonalidades. Sentiu-se confortavelmente possível pois sentia que mudava a temperatura do ar, que um pássaro ao longe naquele instante resolveu cantar e que a senhora que cortava a rua soltou um arroto expressado de maneira tão grave que aquele corpo aparentemente frágil guardava em si a força de mover o ar, com força.
E então percebeu que a explicação é mero exercício banal e descrever é síntese entre corpo e mundo.
Coçou a bunda e caminhou mais um pouco.
A folha balança no alto. Sem pretenção de cair.
O vento sopra. De onde veio? Não importa.
Eles se encontram. E num doce bailar se juntam. E se levam. A folha e o vento.
Organizou a pia para lavar a louça. Separou em um canto todos os talheres. As panelas engorduradas preencheu com água e detergente e as colocou para o depois em cima do fogão. Copos próximos e pratos empilhados. Enxarcou a bucha com espuma. Abriu a torneira e deixou a água jorrar pelas suas mãos. Lavou. E aos poucos tudo se transformara. Todas as louças livres de restos. Com comida crua repreencheu . Ao fogo misturou, temperou e degustou....
Ao ouvir o telefone tocar, abaixou o som da vitrola - o trecho era " procissão, espalhando todo povo pelo chão...". Atendeu e só escutou o ruído de uma ligação perdida. Foi à geladeira, abriu uma lata de cerveja e de gole em gole pensava no que sentiu da Vida...
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