domingo, 11 de setembro de 2011

Fim de domingo

O Som do marrom.
O marrom do som.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

imagino

E quando é mesmo que se passou Anos Incríveis?
Num lugar chamado imaginação. Meio preto-e-branco sem nunca ter sido. ou de vez em quando meio assim ensolarada, cruas, lisérgicas paisagens: S É P I A.
E quando foi que as manhãs sorriam em meio de névoas em avenidas desértas? É onde carregada de vento a menina de saias longas e tornozeleiras descabeladas em cipó deixava cheiro de banho pelos caminhos.
Hoje nesta sala paulistana me lembro de Assis. E percebo que ela existiu somente em um lugar.
E deixa de ser uma saudade. E deixa de ser uma nostalgia que grita querendo que volte. E de novo, se torna um lugar. Um lugar chamado imaginação.
Onde lá, e aqui, há abertura de coisinha gostosa que está por vir.
- Não nos intupamos de burocracias broxantes!
Cochicham vozes doces e suaves no canto de orelha. E a fenda ainda aberta convida para momentos de insentatez bela.


Me falaram que foi na tv Cultura, pertinho do lucas silva-e-silva e do nino.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Tantonto

Nônibus cheio de gente apertada de quietude.
A rua grita buzinas e celulares ocos.
Minhas mãos frias em suas pontas tremem medo de enlouquecer.

Desequilibro nas curvas bruscas e esbarro noutros.
Na calçada os olhos não olham minha cara de espanto com o não sei de mim.
O suor mela meus dedos presos em bota grossa de couro.

Escuto música dentro do ouvido só meu.
Trupico.
Ninguem percebe que minha visibilidade me aperta.

Ai, quantos rumores e riscos e ruídos e cochichos.

Cochilo sentado de tanto pensar.
Acordo com os fones ainda pendurados em minha orelha, mas não há mais sons.
Um silêncio reconfortante respira.
Quietinho invisibilizo o meu existir acoado no último banco da lotação vazia.

sábado, 23 de julho de 2011

Amy

dia da morte de Amy. São Paulo continua linda com sua frieza noturna boêmia. Acompanhado de queridos em espaços aconchegantes. Dizem por aí que Amy morreu. E que foi aos 27. Amy era uma pessoa interessantíssima. Drogava-se e além disso sustentava uma melodia que resistia e re-existia .
A vida que se fala em canção; que se canta em palavras; a vida do silêncio dito nos mais diversos corredores.
Estou lendo Lima Barreto. Lendo o registro de si e do entorno, sem preocupações acadêmicas, me forçando a inquietações. Ele escreveu no seu diário de hospício, de maneira simples, um cotidiano enclausurado que se abre para dar passagem à voz do vivido em inúmeros corpos chamados loucos.
Corpos loucos são corpos fortes. Assim como todos aqueles corpos que sustentam mundos diversos e singulares.
Amy sustentava. E não é um elogio à loucura desmedida. Mas é um elogio a toda vida que aceita. Vive intensamente no que lhe é dado. E às vezes morri. Às vezes por várias vezes morri. E se propaga em vida, às vezes. Em cada registro vivo em sua voz.... muito além da massificante mídia, revive no invisível da música ou nos pensamentos da escrita.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

De sexta para sábado

O tal do cara resolveu colocar o barco em mar aberto. Lançou grandes velas pelos ares de entorno azul....
Estava cansado de tanto chão da mesma cor. Os seus pés que já foram pequenos... hoje cascudos com dedos gordos... pisavam madeira. o Olho aberto que por horas remela viu água esverdeada.
- Salve! Salve! Salve!
E saltou da prancha para entrar noutro contorno.
Gelado.
Pra depois lareirar coberto de cobertas.
Tamo(s) tamo(s) tamo(s) tamo(s).

- Viva!
Ouviu vozes que sem combinar gritavam.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Preparo

Escolhi o amaciante mais cheiroso para lavar toda a minha roupa - de cama, inclusive edredons. Barri casa e passei pano de chão com desinfetante de lavanda. No banheiro que estava cheio de pêlos deixei o piso de molho na Cândida. Esquentei água na chaleira e passei café fresco.


Estendi ao sol os extensos lençois. Esperei o chão secar para espalhar tapetes e depois andar descalço sem frio em sola de pé. Acendi o incenso pra espantá olho gordo e inveja.


Saí pela rua sem pressa - era sábado. Comprei um livro de receitas com fotos ilustrativas. Quatro latinhas de cerveja ou uma garrafa de vinho? Vinho. E lazanha congelada. Imaginava pelo caminho até a catraca do metrô que a casa estava sendo totalmente defumada e que quando ela entrasse iria sentir-se bem e confortável.


Comemos bebemos fizemos sexo dormimos fumamos beijamos abraçamos banhamos fizemos sexo dormimos acordamos despedimos. Ela se foi domingo de manhã. O resto do dia fiquei pensativo. Fez frio e resolvi não encontrar mais ninguém.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Tomara

Tá difícil, mas há de aliviar.
Tomara.
É choro guardado e pensamento emburrado.
Antes que venha o desespero.
Uma vontade de continuar sem levantar.
Pois é
Tomara que ele não venha
Ou venha de uma vez
E acabe com esta lamúria
Odeio drama
Mas é
Radio head no sonzinho
louça bem suja e engordurada na pia
só pra ambientalizar
sem jantar, sem comidas quentes
quarto desarrumado pra ficar mais deprê
curtindo fossa?
Tomara.

Vou dormir sem escovar os dentes. Vento histérico.

domingo, 24 de abril de 2011

ao entardecer de um domingo

é tudo querendo ser tão habitual. acontece que ainda e presente é sentir o estranho dessas coisas que nada tem de cotidiano.
cada vez se faz mais necessária uma nova forma de lidar com o absurdo. Absurdece tempos nos quais as dimensões dos acontecimentos ganham extensa duração, desgaste.
E antes do surto psicótico, achou bonita a velocidade lentificada do peixe dentro do aquário.

quarta-feira, 2 de março de 2011

Rio

De volta de algum lugar ja experimentado. Escrevendo. Passando pelos mesmos lugares. No preparo do corpo que é sempre novo, apesar de dores também novas nos joelhos e um possível bico de papagaio. Reexperimentar o frio que chega após dias infernais de calor. Ele chega de repente. Invisivelmente de repente. Roupas que davam pequena aflição sendo vistas no guarda-roupa em transformação de texturas atrativas - tateis afetivas. Desliza em corrida fuida. O rio é exatamente o mesmo...nunca parado, nem se deixando fotografar. O rio é composição de multiplicidade. "Como é que chama o nome disso?" (A.N.) É rio



s.m.

1. Grande curso de água, quase sempre oriunda de montanhas, que recebe no seu trajeto água de regatas e ribeiras, e desagua noutro curso dágua, noutro rio ou no mar.

2.Fig. Aquilo que corre como um rio ou a ele se assemelha.

3.Grande qantidade de líquido

4.Grande quantidade de qualquer coisa.



rir - conjugar

1a. pessoa do singular pres. ind. rir

v. int. e pronome



v. mostrar riso

1.Mostrar alegria ou divertimento = SORRIR

2.Causar alegria

3.pop. fender-se, rasgar-se


v. tr.

1. Achar graça a

2. FAzer graça de ou gozar com.

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

passageirando

Não dá pra saber quando é passageiro. Quando se é passageiro, tudo parece anestesiado, sendo levado em movimento. Quando é passageiro, por mais que se saiba, tem uma angustia ruidosa acompanhando o passar... e a inércia entontece. As paisagens, passagens, passeios, pastagens se misturam no meu estômago, que olha, escuta e viaja e vomita e tenta correr pro sono cansado que quer um colchão no chão. Abraça travesseiro molhado e meio acordado sonha com maior confusão.
Será um sequestro?
Um sequestro passageiro?
Ou um passageiro sequestrado?
Só o tempo socorre. Por enquanto é só gira.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Orquidário

Quando a morte ronda, o corpo arrepia de jeitos nunca antes arrepiados. Mais do que a morte de uma pessoa, mas a Morte. Ela carrega consigo um turbilhão de memórias, tornando-as inacessíveis. Como se com a chegada desta, chegasse a mim, no repente, reviravoltas antes não sentidas.
E por vezes ela se aproxima com seu bafo colorido de tons metálicos e se vai. Deixa no meu corpo sensação de...