sexta-feira, 18 de setembro de 2009

O céu

Aqui, hoje, vejo aviões ao invés de estrelas. Mas não são pontos luminosos de aviões. São aviões.

sábado, 12 de setembro de 2009

Cidade Absurdo

Vejo uma árvore carregada de amoras em uma esquina da Consolação. Algumas pisadas no chão deixam borrões na calçada. Doces? Nos galhos, algumas ainda meio verdes, meio vinho, meio sede, me olham enquanto sentado no ônibus...
Já tentou contar as janelas que se viram para rua? Quem está por trás delas a não olhar? Quem é o moço dentro da cozinha apertada que espera a última gota de café amargo pingar do coador ao copo que já foi com milho? Pia de mármore rachado, poças.
Tiro da mochila deitada no chão fotos que acabaram de se revelar. E é tudo tão novo, tão louco. Como é que vim parar aqui?
Já na Paulista, chego até o décimo quinto andar. Comedoria? Queria mesmo era acender um cigarro enquanto observo mar de prédios e neblina tóxica. Por que não se pode fumar aqui em cima? "Por causa da lei, por causa da lei" - coloca a cabeça para fora da nuvem o senhor engravatado de barbas brancas.
Aos poucos escurece. O tal de Oury fala, mas dos fones que estão em meus ouvidos ouço apenas a voz macia da senhorita Tradutora. Ela falou que ele falou que o Freud falou isso: "Aí onde estou, devo tornar-me".

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

As unhas dos paulistanos andam roídas até a carne. A minha do dedão do pé ganha moldura de meia preta de algodão...Leptospirose? Gripe suína?
Deixo os pés quase descalsos em contato com a água que corre ou tento escondê-los nos meus sapatos de couro para assim fingir que não as toco?

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Esse blog tem sido muito estranho. Sei lá....acho que a vida é estranha, só deixa de ser quando se torna memória, linearidade de intantes que seja, que foram, que se transformam em histórias registradas, acessíveis. Mas esse blog tem sido muito estranho. Talvez por isso, as memórias chegadas até aqui são recortes não somente de instantes, mas de longas conexões de agoras, de tempos de se confundir e com isso criar conexões novas. "to ficando cego, pra poder guiar", como já cantava Tom Zé.
MAs na verdade, nem sei porque falar desse blog. Nem sei o que é esse espaço que existe de vez em quando. Nem sei o que não existe de vez em quando. Alguem sabe? Instabilidades? Ou conexões que loucamente grudam, escorrem, colorem e descolorem a paisagem da cidade?
Trabalhar em um Caps está sendo acesso e encontros de histórias intensas, momentos vibrantes. Que lugar é esse? Resposta indefinida. A cidade cheira instabilidade....os entres lançam leves rabiscos. Se arriscam a se misturar... e nessa hora sou parte esta alquimia proposta, sem espera de fórmula e resultados.
A cidade ganha outros níveis. No ônibus, olho de cima as varias ruas que se cruzam carregadas de faróis.
Cada vez mais os lugares tornam-se contorno de corpo. membrana Plasmatica de sabão. Reluzente com o que vem de fora.
Hoje recebi meu primeiro salário.... e confesso que fiquei perdido.