sábado, 27 de fevereiro de 2010

tornozeleiro

Após a festa do Mómo caduco paulistano desvairado.
Depois da revolta jovial no tunel do tempo maluco querido sem-teto abraçado
Cá estou eu.

Parado no sofá-cama na sala de perna pro ar.
Engessado por fora.
E mil e uma outras coisas pensando em mim.
Encaroçado ou noiado?
Muleta pra poder mijar.
Banho?
E o tempo lá fora começa a soprar frio.

F-A-M-Í-L-I-A.
Isso sim é invenção estranha.
Férias ou prisão domiciliar?

Foi assim que contei:
Pisei num buraco, num estacionamento, numa formatura, numa assis. Torci, torci, torci...
até torcer de vez
o tornozelo...

aí, aqui, ou paro ou paro...penso muito na vida. tava precisando. introspectivo.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

O carnaval passeamos be(m).
São Paulo graciosa nas ruas. Foliões - amigos da Folia.
Foligem paulistana. Confetes? Pé, perna. POde chorá, pode chorá, pode chorá...alegremente cantada pelas ruas da cidade Absurdo.
LAdeira silenciosa. Batuques? Maracatu?...em passos avante......caipirinhas verdes em copo gelado. Paradas.... e depois mais povo...
São cinzas confetinadas, confetes acinzentados....folia, foligem....

sábado, 13 de fevereiro de 2010

"é carnaval
uma doce ilusão
é promessa de vida
no meu coração"

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Metrô

-É que dá uma canseira de vez em quando.
-Mas que horas são?
-Não sei. Não sei. Não sei. É que de vez em quando dá uma canseira.
-Mas que horas são?
-Não sei, porra.

Silêncio. Estação Liberdade. Estação respire fundo, olhe lá fora como rápido passa o chão listrado de trilhos de ferro. Estação São Bento. De óculos e rugas, cabelo cinza, sacola com flores secas e um espirro. Armênia... sai do buraco e ganha a luz...sol, sol, sol....rio fedido.
"Depois haverá vento. Depois haverá vento"

-Que horas são?
-Falta 15. Vamu aê.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Uma volta

O menino sapeca resolveu dar uma volta pela cidade. Estava cansado de chutar pedras do meio do caminho. Estava cansado de infernizar a irmã com apelidos desagradáveis. Estava cansado de enfiar o dedo no bolo que ainda não tinha corte. Estava enjuriado com os sustos que dava, com as bolas, as guloisemas e todas as brincadeiras com vizinhança descalça e descabelada.
Saiu sério, com os olhos abertos arregalados. Andou só, andou só, andou só. Em suas idéias lhe visitavam meninos noturnos, meninos chorosos, meninos medrosos. Carregava no pescoço um enrosco (pomo de adão? nó?).
Passou o sol. A lua chegou, foi embora. Caiu folha. Tempestou. Os sinais de transito abriram, fecharam. Estradas foram criadas, pedágios, tuneis, pontes e passarelas. Ventou, ventou, ventou...
Sem bolhas no pé encontrou a moça sentada na beira da calçada. Ela estendeu a mão. Se olharam e ele sentou, um pouco.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Se fez ovo

Não contou pra ninguém porque não tinha um porquê. Fez aquilo desencadeado por uma enorme vontade de. Sabia que iriam chamar aquela atitude de perigosa, arriscada. Sabia que após aquele ato poderia se arrepender, culpabilizar-se. Mas sua boca salivava. Cada góle daquele cuspe molhado era combustível para seguir em frente. Pensava aceleradamente em tudo. Seu corpo respondia abandonando qualquer tentativa de sintonizar-se com vão razão. E balbuciou a si:
-Pensamento cacofônico, irritante, logorreico, não saia de mim.... exploda em nada e dirija-se pro beco sem saída onde não mais lhe encontro.
E fez. O ovo. A incoerência gritada pelos quatro cantos de si- arredondados. Num encontro mais do que público e/ou privado. Se fez. Abandonou aquilo que já foi dito, escutado, falado, murmurado, escrito, gravado. Criou. Deixou o desejo puxá-lo ao entre si e.

E queria de vez em quando, para quebrar a rotina chata e machante dos dias, o ato de aventurar-se em atos de. E mesmo com um quê de repetição, sempre ressoava um respiro de liberdade. Um momento em que, sem dizer pra ninguém, sem ninguém pra dizer...