sábado, 26 de junho de 2010

Assim...se faz isso

Teté Fan Y - querida vizinha, boa novidade

E se tirasse toda minha roupa e num rompante pela rua gritasse canções que se canta junto? Seria eu louco? Que mal há n’Isso?
Quem quer sair por aí? Quem quer descalço pisar o chão? Asfalto? Barro molhado? Areia porosamente árida? Mergulhar e suspensos solas soltas...
Quem começa? Medo… É que de repente assume em mim uma vontade de ser assim. Assim no repente do de repente.
Agora eu?Eu?Eu quem ?
E do de repente eu recomeço.
Agora,do meu suposto não começo.(Re)começo do avesso.
Eu não quero mais esse negócio...
Esqueci o que era pra ser escrito, como se houvesse roteiro
Mas quando é que aqui vida se faz previsível?
Quando é que se pode imaginar que o atual seria...
ASSIM...
É que de repente se faz sentir ISSO...

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Cinza mais cinza...

De flor de cacto paulista para flor de cacto "baiana".

É época de cactos floridos! A cidade seca arde por dentro de mim. Muita poluição carbonática. De manhã, o sol alaranjado atrás do cinza pesado me faz perguntar: "É a lua?" As vozes paulistanas se expressam roucas...nos pontos de ônibus, nos corredores do metrô...as tosses são secas. Fria, a cidade me deixa mais compacto, mais encolhido, abraçado em mim. O sono cola cama, cola cobertor, cola corpo.

Peito aberto e narinas fortes para sustentar em si todo tipo de ar rarefeito.

domingo, 13 de junho de 2010

O preço da Heiniken

Para Marina Morena e Kadulino

Domingo a noite. É copa do mundo de futebol. Desenrolares de pensamento é tobogã de idéia corrente.
- Um clima toma conta do não sei o quê. Espaço? Tempo? Sei lá do que, nem o que é isso. E o que importa? Não irei trabalhar na sexta, mas terei que pagar as horas.
-Pouco me importa esse clima de copa. Rainha de Copas?
-Ontem foi dia dos namorados. Todo ano é esse ar frio de dar uma vontade de abraçar? Eliminar o entre que fica entre os nós?
-Produzir suor.
- Jazz. Ouça jazz a meia luz. E peça heineken!
-Mas que é bom ficar bebendo vendo jogo, é. E se juntar na sala. Lembra daquele churrasco lá em casa? Tinha um lençol pra não dar reflexo na tv que a gente colocou no quintal.
-Era epoca de dia dos namorados?
- Não, era época de greve.
-Nossa, era mesmo!!! O bar abria pros jogos. Bebiamos cerveja gelada no bar do Seu Luís. Mas não era Heiniken.
-Sem trabalhar. Ai ai ai.
-É louco esse negócio de horas, né? Compram minha hora a preço dado. Vendo minhas horas a preço dado. No dia da copa darão minhas horas. Darão não. Farão que eu as pague depois. Quando eu quiser... ou quando precisarem.
-Era greve em Assis? Agora entendo. Sempre há um motivo para sequestrarmos nossas próprias horas.
-No dia da copa não sei se acordarei a tempo para ver o jogo do Brasil.
-Vai ter cerveja gelada. E a gente pode ficar junto um pouco, rir e se encontrar de pijama.
-Heiniken?
-O que o dinheiro der pra comprar. Até uma migalha de tempo.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

O frio e o amigo

O frio paulistano convida para um jazz intimista em lugar quente e abafado. Amigo, como vai saber quando a hora é de acompanhar apenas com sorrisos silenciosos? Quando foi que tornou-se amigo, amigo? Foi quando depois da despedida deixou sorriso. Foi quando ao meu lado viajamos juntos. É que solidão apavora...e fica mais tranquilo quando dela há confortáveis imagens de mim contigo...rindo.
A noite venta lá fora, sem som. O interfone espera calado. A casa quente acolhe quem acaba de acordar de cochilo de fim de tarde que escureceu. Quando você chegar me dê um abraço forte e traga aquele cheiro de perfume que é só seu. Sentaremos à mesa, e ao fumar um cigarro lhe contarei que ainda não tomei o banho, que estou com preguiça, que ando confuso, que o mundo é mesmo muito maluco. Como é bom receber em minha casa presença de pantufa.
Vou colocar a água pra ferver. Tem chá de camomila, cidreira, maçã e hortelã. Pode escolher, e se quiser fazer misturas, fique à vontade. Deu preguiça de comprar o vinho hoje. Daqui a pouquinho tomo o banho. Calma aí. Deixa passar devagarzinho, sem fazer nada, só pra sentir o estar junto...

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Ta na hora de mochilar. É que essa terra firmou em mim um tanto de sola dura de pé e agora preciso passear. Ir pra lá onde nunca fui, aberto pro sei lá. Quando já tem estrato de cozido ao dente se faz necessário colocar os temperos e escolher a prataria. Vai lá, vai. Pra ir é só ir. Estrada que leva corpo à entornos antes não sentidos. Deixa rolar a vida sem tantos porquês.
-Ce tá vivo pra que?
Pergunta errada. Sei que tô e é disso que me basta o continuar. É que essas dores não ficam. Essas alegrias também não ficam. Só essa vida mutante e esquisita que se estende em mim. Esse tanto de gente que fui aí quer encontrar aqueles irritantes e/ou dóceis que serei. Vai cuquinha...curte o relaxo.