segunda-feira, 30 de março de 2009

Sobre as coisas


"Por que publicar também o que não presta? Porque o que presta também não presta. Além do mais, o que obviamente não presta sempre me interessou muito. Gosto do modo carinhoso do inacabado, daquilo que desajeitadamente tenta um voo e cai sem graça no chão"...C.L.


As vezes me concentro para que ao escrever consiga gerar algo que seja sentido como novo. Mas já tem tanta coisa escrita e registrada. Parece que de alguma forma as palavras já se combinaram em algum lugar alguma vez. Sensação de repetir o que já foi juntado. Mas será que importa o quê?

Sei lá. Escrever é meio de se jogar...de vomitar idéias, de se escancarar e tornar-se o que já não se é mais, sendo. E o que importa se vai sair um texto, algo novo, adjetivados. Quero mais é que se fôda. Quero mais é só deixar rolar. Nesse momento, que paro e encontro o instante, o registro e a imaginação. Vou mais é me esbaldar.... me encharcar de mim e se rolar, trasbordar... se não apenas divagar, viajando. Descompromissado comigo, contigo, com eles.

Para que pensar nas pessoas se existem as coisas? As pensoas demasiadamente já estão excessivamente regadas, rasgadas, enrugadas....só se fala delas. E as coisas? E as coisas? E as coisas? Me diz aí sabichão...

E é disso, e é isso e é das coisas que me interesso...dessas coisas que me aparecem como espinhas... amareladas dentro da pele, que incomodam e dão enorme prazer em jogar no mundo...gosmas sem porque, sem pra que.... pele que se rompe em substância nojenta, que causa aversão de si, mas que lhe foi e não são mais.... as coisas... como gosto das coisas...

Será que o Agora pode rolar sem lenga-lenga e com muita emoção e sensação? Será que os paradoxos estão menos assustadores e mais possíveis? Será que finalmente essa não-condição -religiosa, sexual, de classe, de tribo, de vida - pode ser vivida como grito público, como um estado de COISa... e ser deliciosamente suportada durante os instantes?

Acredito que SIM.

e que se escreva, se inscreva.... o que se tem além dos medos? Muitas coisas...belas e asquerosas.

sábado, 28 de março de 2009

Nasceram de novo!

quarta-feira, 25 de março de 2009

O conforto de desconfortar-se

meus chacoalhões de nietzsche ....
A vida é dura de suportar; mas, por favor, não vos façais de tão delicados! Não passamos, todos juntos, de umas lindas bestas de carga.
Que temos em comum com o botão de rosa, que estremece ao sentir sobre o corpo uma gota de orvalho?
É verdade: amamos a vida, porque estamos acostumados não a vida, mas a amar.
Há sempre alguma loucura no amor. Mas há sempre, também, alguma razão na loucura.
E também a mim, que sou bondoso com a vida, parece-me que as borboletas e as bolhas de sabão e o que mais do gênero há entre os homens, são as que melhor conhecem a felicidade.
Ver voejar essas alminhas loucas, leves e graciosas induz Zaratustra a chorar e a cantar.
Eu acreditaria somente num Deus que soubesse dançar.
E, quando vi o meu Diabo, achei-o sério, metódico, profundo, solene: era o espírito de gravidade ─ a causa pela qual todas as coisas caem.
Não é com a ira que se mata, mas com o riso. Eia, pois, vamos matar os espírito de gravidade!
Aprendi a caminhar; desde então, gosto de correr. Aprendi a voar; desde então, não preciso de que me empurrem, para sair do lugar.
Agora, estou leve; agora, vôo; agora, vejo-me debaixo de mim mesmo; agora, um deus dança dentro de mim

terça-feira, 24 de março de 2009

o (des)emprego do cotidiano




Acordo...
Como será que será?
Abro os olhos e me dá vontade de matar mais um pouquinho do dia com sono - atividade prazerosa, relaxante, viajar em outras realidades. E posso.
Mas depois que se dorme uma certa quantidade de tempo, fica difícil, mesmo podendo e querendo, se entregar à mágia do babar, do não se ver, do respirar profundamente e roncar. Às vezes penso que seria muito bom se pudesse passar mais tempo dormindo, se eu pudesse controlar a quantidade de sono...
Pular de sonho em sonho....habitar diversos lugares em uma mesma noite...lugares sendo dias, manhãs, tardes. Sentir pesadelo de medo e erotismo de sexo....Tudo deitado, de lado, de frente de bruço.....sozinho em meu quarto com as portas fechadas, em meu enorme colchão de casal.....com meu travesseiro cheirando onírico (mistura própria de suor com sáliva) e com a iluminação entrando suavemente manchando as paredes manchadas de tintas.
Reluto em não acordar, penso que irei conseguir precisar de mais pelo menos meia horinha de sono.... Como queria estar cansado, com sono e ter que acordar e voltar a dormir! Mas não, não sei como será que será... não tenho nenhum compromisso....só o compromisso de acordar, levantar e fazer minhas novas velhas tarefas de um emergente dono-de-casa.
E assim começo o dia a pensar... ligo a tv a vitrola ou o computador...combino? sim pode ser...
almoço pão ou faço arroz....combino? penso depois....
e na tv....será que fumo? será que saio? será q penso...continuo pensando??? uffff....
Aiaiai...mas a vida exige olhos abertos....
Postura, jovens!
Produção de si .....
Postura jovem!

sábado, 21 de março de 2009

Pela passagem de uma grande dor -Caio F

"A primeira vez que o telefone tocou ele não se moveu. Continuou sentado sobre a velha almofada amarela, cheia de pastoras desbotadas com coroas de flores nas mãos. As vibrações coloridas da televisão sem som faziam a sala tremer e flutuar, empalidecida pelo bordô mortiço da cor de luxe de um filme antigo qualquer. Quando o telefone tocou pela segunda vez ele estava tentando lembrar se o nome daquela melodia meio arranhada e lentíssima que vinha da outra sala seria mesmo “Desespero agradável” ou “Por um desespero agradável”. De qualquer forma, pensou, desespero. E agradável.A luz de mercúrio da rua varava os orifícios das cortinas de renda misturando-se, azulada, à cor meio decomposta do filme. Pouco antes do telefone tocar pela terceira vez ele resolveu levantar-se — conferir o nome da música, disse para si mesmo, e caminhou para dentro atravessando o pequeno corredor onde, como sempre, a perna da calça roçou contra a folha rajada de uma planta. Preciso trocá-la de lugar, lembrou, como sempre. E um pouco antes ainda de estender a mão para pegar o telefone na estante, inclinou-se sobre as capas de discos espalhadas pelo chão, entre um cinzeiro cheio e um caneco de cerâmica crua quase vazio, a não ser por uns restos no fundo, que vistos assim de cima formavam uma massa verde, úmida e compacta. “Désespoir agréable”, confirmou. Ainda em pé, colocou a capa branca do disco sobre a mesa enquanto repetia mentalmente: de qualquer forma, desespero. E agradável."

sexta-feira, 20 de março de 2009

Como eu ando viajandão.....rs
A-n-S-i-O-s-i-E-d-a-D-e

quinta-feira, 19 de março de 2009

E assim se foi a noite de hoje...

O menino-lobo olha concentradamente o caqui na árvore de caqui. Cor de vermelho vivo, no pé se aventura em balançar.
Ela cai.
E as palmas cheias de calos se encontram com a pele frágil. Ao fincar seus dentes na superfície sente então a carne molhada. Delicioso caqui...
Deliciosa polpa cheia de carne...menino-lobo se lambusa de caqui...
Nos lambuzamos de lambuzear-nos....
viva a época dos caquis...com as de cogumelo, de jaca, de uva e abacaxi.

Ao som de Gals

"Meu amor, tudo em volta esta deserto...tudo certo...
Tudo como dois e dois são cinco..."

E canta mesmo....sozinho na sala baixinho pra si... e rodopia (como gosto deste verbo)...e rodopia, rodopia....Rodopia!
Vai lá, vai.... solta essa carranca, deixa bamba na face....as máscaras tem que ser diversificadas....pode bota careta, pode bota blasè...mas põe de vez em qdo um sorriso amarelo de canto de boca, uma gargalhada de fazer barulho....
Armário de rostos, .... que no sono descansa em boca aberta apática...
Vai lá vai.....
vamu aê.....
vai ter que dá, vai ter que dá....
cum fé no si, sem dó... mi mimimimimimimi(rs...pra maony)
"num se assuste pessoa se eu lhe disser que a vida é boa...
enqto esles se batem de um role
apenas quem ja dizia
eu não tenho nada
...
eu sou eu sou eu sou
..."
"Sai do cu, bosta."
Pichação em Campinas...

quarta-feira, 18 de março de 2009

-Será que estou vivo?
E ao olhar o céu havia nuvens cobrindo todo o azul. Após alguns segundo o sol surgiu cegando seu olhos. Imediantamente ele colocou as mãos sobre sua face e esfregou suas pálpebras até que gerasse uma coceira que lhe fez ficar excitado.
orriu e continuou andando pela praça localizada no centro da cidade.
"A gente não sente medo? A gente sente um pouco de medo mas não dói. A gente não morre? A gente morre um pouco em cada poço. E não dói? Morrer não dói. Morrer é entrar noutra. E depois? No fundo do poço do poço do poço do poço você vai descobrir quê.” Caio Fernando Abreu

terça-feira, 17 de março de 2009

-Esta morte eu ofereço à vida...
e então encheu sua xicara lilás de leite, ocupou-se de duas colheres bem cheias de açucar e as despejou. Mexeu e sentiu descer por sua goela deliciosa sensação gelada.
-Esta morte eu ofereço aos vivos!
Deu mais uma passo e no vermelho tapete pisou. Como se tudo aquilo fosse realmente novo.
- Esta morte eu ofereço aos vivos.
Tirou seu sobretudo e pulou no mar.

domingo, 15 de março de 2009

...


Carta ao virtual...

Olá anônima.....
pensa o que sobre celulares, a Argentina, a normalidade, as facilidades?
....senhorita que escreve atrás de seu blog que ninguém sabe o endereço...
Viagens compartilhadas, moradas divididas, momentos vividos...
E aí? Sempre bom saber que você passa por aqui de vez em quando e assim nos encontramos... mesmo sem estar juntos sendo encontro de idéias e embates.....
seja sempre bem-vinda por essas bandas...
agora sei dos desabafos e assim ....
"Mas se você for esperar ficar pronta, nunca o ato de entrega se fará" Clarice L.
E os celulares......podem sim ser desnecessários.....rs
O que se faz com isso? O que se faz com as idéias? O que se faz consigo? O que se faz?
Sei lá...vou fazendo.... vou obrando.....e andando.....rs

quinta-feira, 12 de março de 2009

Cada passo um espaço, sendo poço, sendo posso, sendo posso no poço, posso no passo.

Parado percebo q movimenta. sangue nas veias, coração que pulsa.... cabelo e unha no ar, rasgando antes o que não era eu.....percorrer sem querer é deriva de tempo, é movimento de mundo. Mesmo mudo, mudo.

Vida arte...contemplar qdo os olhos vêem telas, estáticas, coloridas em contraste. assistir quando se é filme,de frente a movimento, a cenas q articulam cenarios, calado, aberto e fechado. Atuar quando se faz palco, teatro, e subjetividade encarnada em esquete, momento, corpo público que interage arte, que interage si.

Chuva é o que molha o invisível. Ar não existe - invençao maluca- Concreto só com tato.

Entre o que fui agora e o que você está sendo ao ler em um agora futuro há a imensidão do deus imaginação... e o simples encontro entre um eu e um s'eu...um outro...

como se em uma festa pusse encontrar todos que já encontrei. Aquelas crianças que andavam comigo de bicicleta, qdo meu corpo não tinha pelos. Os adolescentes que se contentavam com chapinha e tocavam legião em praça. Os universitarios donos de ruas e embebidos e enfumaçados de uma loucura doméstica. Todos em uma mesma festa.... e eu? Seria risos, cheiros, sensações.... mas não teria corpo... seria Algo...com letra maiuscula e substantivo Próprio.... vida que se faz aqui...atualização de muitos ....



terça-feira, 10 de março de 2009

Fim do Aprimoramento....... Agora é ripa na chulipa!!!!!!!!!!!

"No horizonte do infinito – Deixamos a terra firme e embarcamos! Queimamos a ponte – mas ainda, cortamos todo o laço com a terra que ficou para trás! Agora tenha cautela, pequeno barco! Junto a você está o oceano, é verdade que ele nem sempre ruge, e às vezes se estende como seda e ouro e devaneio de bondade. Mas virão momentos que você perceberá que ele é infinito e que não há coisa mais terrível que a infinitude. Oh, pobre pássaro que se sentiu livre e agora se bate nas paredes dessa gaiola! Ai de você, se for acometido de saudade da terra, como se lá tivesse havido mais liberdade – e não existe mais ‘terra’” (NIETZSCHE,1981)

"existem múltiplos espaços públicos que podem ser criados e redefinidos constantemente, sem precisar de suporte institucional, sempre que os indivíduos se liguem através dos discursos e das ações: agir é começar, experimentar, criar algo novo, o espaço público como espaço entre os homens pode surgir em qualquer lugar, não existindo um locus privilegiado"(ORTEGA,2000)

"Acreditar no mundo é o que mais nos falta; nós perdemos completamente o mundo, nos desapossaram dele. Acreditar no mundo significa principalmente suscitar acontecimentos, mesmo pequenos, que escapem ao controle, ou engendrar novos espaços-tempos, mesmo de superfície ou volume reduzidos" (DELEUZE,1997)

"A loucura aos loucos e a normalidade aos normóticos, aos normais, aos neuróticos? Não. Somos um emaranhado de linhas que não se separa. De alguma forma estamos todos ligados, seja pelos encontros ou pelo distanciamento que achamos necessário. Como humanos, ou como vida, somos as identidades, as crises, as ambigüidades. Mas não somos peixes que podem viver emergidos em um mundo próprio, abaixo do nível do mar. E não somos pássaros que se distanciam da terra quando querem alçar vôos para respirar outros ares. Somos peixes e pássaros e loucos e normais... somos humanos em movimento, em devir. (...)“E quem disse que ia ser fácil?” Fazer da crise um passo e do desespero uma oportunidade de gritar. É quando o mundo grita que você é louco e em resposta você grita ao mundo: Louco é você, que chegou a tal complexidade que não se pode registrar em uma vida ou em um livro o que lhe fez assim, se você foi possível o que não será? Pensar cada pessoa como um mundo e descobrir que entrar em contato com outros mundos ao mesmo tempo é simples e trabalhoso. Simples por se tratar de uma disponibilidade ao encontro e trabalhoso por envolver fatores como o tempo – uma história que se atualiza a todo o momento - e o espaço – geografia complexa cheia de relevos formados por corpos em movimento." CURCELI 2009....rs