Nônibus cheio de gente apertada de quietude.
A rua grita buzinas e celulares ocos.
Minhas mãos frias em suas pontas tremem medo de enlouquecer.
Desequilibro nas curvas bruscas e esbarro noutros.
Na calçada os olhos não olham minha cara de espanto com o não sei de mim.
O suor mela meus dedos presos em bota grossa de couro.
Escuto música dentro do ouvido só meu.
Trupico.
Ninguem percebe que minha visibilidade me aperta.
Ai, quantos rumores e riscos e ruídos e cochichos.
Cochilo sentado de tanto pensar.
Acordo com os fones ainda pendurados em minha orelha, mas não há mais sons.
Um silêncio reconfortante respira.
Quietinho invisibilizo o meu existir acoado no último banco da lotação vazia.
2 comentários:
E dentro de cada rosto estranho tocava uma música, uma alegria ou uma agonia.
E sempre me agonia pensar nas curvas de solidão acompanhada!
Placa, rua, roda.
Gente estranha, morta.
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