Pêlos que sobraram a cima dos lábios. Um bigode.
Cada vez mais os encontros com São paulo tornam-se casuais.
Afinal, loucura só se é quando não há nome.
Juntos e sobrepostos o coletivo de pêlos chama-se "bigode".
Permiti que ficassem e resolvi chamá-los de meu bigode. Meu bigode novo.
Desfilei pela rua e me sentia vestido com o charme de uma época que desconhecia. Me senti tomado por um eu que distante, de outras gerações, me sorriu de um jeito diferente. Era meu apetrecho cafageste, minha terceira sobrancelha. E sorria pras senhoras. Tateava-o com a ponta da língua. Molejei. Malandrei. Encarnei-me de samba, de flor, de ginga.
Era um conjunto de pêlos que sobraram daquela barba descuidada. Era meu bigode que levei pra passear. Era rosto novo com cheiro de antigo. O ridiculo sensual em uma pequena parte de pele.
2 comentários:
Isso me remeteu ao início do século XX, pra dentro de um desses livros literários que descreviam a "paulicéia desvairada" que crescia e se desenvolvia engolindo os de dentro e os de fora.
Muitas faces num só ser.Muitos seres numa só alma.
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