domingo, 13 de junho de 2010

O preço da Heiniken

Para Marina Morena e Kadulino

Domingo a noite. É copa do mundo de futebol. Desenrolares de pensamento é tobogã de idéia corrente.
- Um clima toma conta do não sei o quê. Espaço? Tempo? Sei lá do que, nem o que é isso. E o que importa? Não irei trabalhar na sexta, mas terei que pagar as horas.
-Pouco me importa esse clima de copa. Rainha de Copas?
-Ontem foi dia dos namorados. Todo ano é esse ar frio de dar uma vontade de abraçar? Eliminar o entre que fica entre os nós?
-Produzir suor.
- Jazz. Ouça jazz a meia luz. E peça heineken!
-Mas que é bom ficar bebendo vendo jogo, é. E se juntar na sala. Lembra daquele churrasco lá em casa? Tinha um lençol pra não dar reflexo na tv que a gente colocou no quintal.
-Era epoca de dia dos namorados?
- Não, era época de greve.
-Nossa, era mesmo!!! O bar abria pros jogos. Bebiamos cerveja gelada no bar do Seu Luís. Mas não era Heiniken.
-Sem trabalhar. Ai ai ai.
-É louco esse negócio de horas, né? Compram minha hora a preço dado. Vendo minhas horas a preço dado. No dia da copa darão minhas horas. Darão não. Farão que eu as pague depois. Quando eu quiser... ou quando precisarem.
-Era greve em Assis? Agora entendo. Sempre há um motivo para sequestrarmos nossas próprias horas.
-No dia da copa não sei se acordarei a tempo para ver o jogo do Brasil.
-Vai ter cerveja gelada. E a gente pode ficar junto um pouco, rir e se encontrar de pijama.
-Heiniken?
-O que o dinheiro der pra comprar. Até uma migalha de tempo.

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