sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

A borboleta

E num bater de asas lentificado ela faz de si o último esforço de existir-se como tal. Movimenta-se suas cores alaranjadas com pontos azuis e paraliza-se. Uma borboleta que ora era casulo, ora era lagarta que comia verdes folhas e Agora sem se saber como é(ra)se desvai por entre o tempo e o espaço e se finda tranformando-se em outra coisa tal que não se sabe o nome. És poeira? És passado?
Da gargalhada se transforma em sorriso de boca fechada. Da boca arqueada, algo que alguns chamam de pensamento, lhe faz de reta a expressão que cabe inesperada àquilo.
"E os olhos?" Pergunta a boca incontrolável ao sentido que abre janelas.
Eles não respondem. Apenas piscam e se umidificam com águá (salgada?).
Cada fim, sutilmente, marca sem que percebemos a chegada de outrem. E assim vai rasgando a via entupida de esperado. Há sal pra salgar o inóspito. Há açucar pra manchar a lingua áspera de secura monótona.
A formiga morre. A árvore secular morre. O som do pandeiro se termina. E a partir daí é só mistério. O que vem agora depois que a borboleta se foi? O que o silêncio carrega de pensamento? Quem vai te olhar quando não mais há sorrateiros disfarces?
O movimento se apresenta na muda forma estática de um ser que está por vir.

Um comentário:

Fan disse...

só de pensar que algumas borboletas vivem menos de 24 horas...ahhhhhhh..que vida essa a nossa?a gente vive tanto,e algumas pessoas nem saem do casulo..