sábado, 8 de agosto de 2009

É inverno, e daí?


(foto da katia...linda!http://www.orkut.com.br/Main#AlbumZoom.aspx?uid=7429907756300229000&pid=1249565284983&aid=1249539790$pid=1249565284983)
E aí, soltas no ar, as várias versões de mim se confundem com a paisagem. Cidade loucamente com sua velocidade desprópria, imprória. Mas imprópria a quê?
O basal de mundo que incessantemente e insensatamente tentamos prevêr se dissolve em meio de partículas são cinzas e azul petróleo.
Desapropia o que há seculos inventou esse conceito nada natural de propiedade. Somos a invasão do que não tem dono por natureza. As forças que compõe o contorno apoiético que se faz meus eus é risonho como mar que se destoa em formas: velocidades, espuma e força.
SIm! Por todas as partes gritam os "sins". Sim pelo que há por vir: incerto, nublado, mas tocante.
Afeto que desvai...
Vivo comigo nesta aventura de se viver...
benvindo...sempre vindo ...se movimentando pelos toques e não pelas previsões....

É pau, é pedra, é o fim do caminho
É um resto de toco, é um pouco sozinho
É um caco de vidro, é a vida, é o sol
É a noite, é a morte, é o laço, é o anzol

É peroba do campo, é o nó da madeira
Caingá, candeia, é o MatitaPereira
É madeira de vento, tombo da ribanceira
É o mistério profundo, é o queira ou não queira

É o vento ventando, é o fim da ladeira

É a viga, é o vão, festa da cumeeira
É a chuva chovendo, é conversa ribeira
É inverno, e daí?

É o pé, é o chão, é a marcha estradeira
Passarinho na mão, pedra de atiradeira
É uma ave no céu, é uma ave no chão
É um regato, é uma fonte, é um pedaço de pão

É o fundo do poço, é o fim do caminho
No rosto o desgosto, é um pouco sozinho
É um estrepe, é um prego, é uma ponta, é um ponto
É um pingo pingando, é uma conta, é um conto

É um peixe, é um gesto, é uma prata brilhando
É a luz da manhã, é o tijolo chegando
É a lenha, é o dia, é o fim da picada
É a garrafa de cana, o estilhaço na estrada

É o projeto da casa, é o corpo na cama
É o carro enguiçado, é a lama, é a lama
É um passo, é uma ponte, é um sapo, é uma rã
É um resto de mato, na luz da manhã

É inverno, e daí?
É a promessa de vida no teu coração

É uma cobra, é um pau, é João, é José
É um espinho na mão, é um corte no pé

É inverno, e daí?
É a promessa de vida no teu coração

É pau, é pedra, é o fim do caminho
É um resto de toco, é um pouco sozinho
É um passo, é uma ponte, é um sapo, é uma rã
É um belo horizonte, é uma febre terçã

É inverno...e daí?
É a promessa de vida no teu coração
pau, pedra, fim, caminho
resto, toco, pouco, sozinho
caco, vidro, vida, sol, noite, morte, laço, anzol

São as águas de março fechando o verão
É a promessa de vida no teu coração.

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