"Por que publicar também o que não presta? Porque o que presta também não presta. Além do mais, o que obviamente não presta sempre me interessou muito. Gosto do modo carinhoso do inacabado, daquilo que desajeitadamente tenta um voo e cai sem graça no chão"...C.L.
As vezes me concentro para que ao escrever consiga gerar algo que seja sentido como novo. Mas já tem tanta coisa escrita e registrada. Parece que de alguma forma as palavras já se combinaram em algum lugar alguma vez. Sensação de repetir o que já foi juntado. Mas será que importa o quê?
Sei lá. Escrever é meio de se jogar...de vomitar idéias, de se escancarar e tornar-se o que já não se é mais, sendo. E o que importa se vai sair um texto, algo novo, adjetivados. Quero mais é que se fôda. Quero mais é só deixar rolar. Nesse momento, que paro e encontro o instante, o registro e a imaginação. Vou mais é me esbaldar.... me encharcar de mim e se rolar, trasbordar... se não apenas divagar, viajando. Descompromissado comigo, contigo, com eles.
Para que pensar nas pessoas se existem as coisas? As pensoas demasiadamente já estão excessivamente regadas, rasgadas, enrugadas....só se fala delas. E as coisas? E as coisas? E as coisas? Me diz aí sabichão...
E é disso, e é isso e é das coisas que me interesso...dessas coisas que me aparecem como espinhas... amareladas dentro da pele, que incomodam e dão enorme prazer em jogar no mundo...gosmas sem porque, sem pra que.... pele que se rompe em substância nojenta, que causa aversão de si, mas que lhe foi e não são mais.... as coisas... como gosto das coisas...
Será que o Agora pode rolar sem lenga-lenga e com muita emoção e sensação? Será que os paradoxos estão menos assustadores e mais possíveis? Será que finalmente essa não-condição -religiosa, sexual, de classe, de tribo, de vida - pode ser vivida como grito público, como um estado de COISa... e ser deliciosamente suportada durante os instantes?
Acredito que SIM.
e que se escreva, se inscreva.... o que se tem além dos medos? Muitas coisas...belas e asquerosas.